segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Cinema em Pensamento





Cinema em pensamento é um projeto de extensão da UFSC, desde 2010, em parceria com os professores Evandro Brito da USJ e Fernando Maurício da FMP, onde inicialmente começamos o projeto. Neste semestre, privilegiamos o estudo e o debate sobre as tragédias gregas, exibimos Iphigenia de M. Cacoyannis (1977) e Édipo Rei de P. P. Pasolini (1967). A primeira encena a terrível necessidade imposta ao supremo rei das tropas gregas, Agamenôn, a necessidade de sacrificar sua própria filha, Ifigênia, para atravessar o mar Egeu e chegar a Tróia. A segunda conta a história de um homem que, contra as leis da natureza e da cidade, mata seu pai, casa-se com sua mãe e tem por filhos os próprios irmãos, algo tão insuportável para Édipo quanto inevitável é fugir de si, pois foi justamente por evitar o oráculo que encontrou seu próprio destino. Essas sessões de cinema e conversa foram realizadas em São José, no Centro Histórico. As discussões são feitas a partir de problemas: como os gregos pensavam as relações entre escolha e destino? o que faz o destino de nós quando o fazemos? o quanto nos comprometem nossas escolhas, sem que nunca saibamos todos os efeitos de nossas ações? Afinal, que ensinam as tragédias gregas sobre nossa condição humana e o que podemos pensar, ao lê-las, sobre nosso mundo atual? A próxima exibição será na sede da Academia de São José de Letras: o filme Medea de Lars von Trier, 1988, com uma breve introdução sobre o mito cuja tragédia está entre uma traição amorosa e a necessidade de sua vingança. Sim, um tema banal, mas por que, depois de mais de dois mil anos, quando o poeta grego Eurípides escreveu e encenou a peça, por que o cineasta dinamarquês Trier conta-nos novamente essa história através de suas belas e intrigantes imagens? Os adjetivos sempre nos dizem muito e pouco ao mesmo tempo. O que há então de belo e intrigante nesse novo modo de nos contar a tragédia? E o que nos diz essa história a ponto de ser lida e relida por tantos séculos? São os motivos para o próximo encontro. A recomendação para uma leitura, antes ou depois do filme, é Medeia de Eurípides, encenada no ano 431 a.C.



Jason de Lima e Silva