domingo, 22 de dezembro de 2013



Esconda tuas virtudes no monte de argila, molde sempre o que aparece e guarde tua dor no coração da terra. Quando o vento se fizer brisa, cante para o deus que na árvore se esconde e peça às nuvens para te livrar do peso dos dias. Tudo é tão breve que toda leveza é cara. Nada espetacular chega para além do que já cultivamos e há sempre o risco de perdemos o que possuímos. Não há culpa nem salvação. Nem desculpas ao que não podes, nem esperanças ao que não tens.


Jason de Lima e Silva

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

E nas rugas o traço de tua primeira dor.






E nas rugas o traço de tua primeira dor, o hábito de todos os silêncios, a compenetração da matéria em seu respeito ao sol, nuvens que cortam as linhas da memória no rosto e cruzam a intimidade de teu olhar, e na encruzilhada desses caminhos a fisionomia de tudo o que foste e sobeste abandonar, o mesmo perigo pressentido sempre, os amigos esquecidos ou esperados, os amores vividos por distração ou perdidos por muito zelo, assim vibram na testa teus pensamentos não pensados, e nas têmporas, a coragem de não lamentar, quantos fracassos te custou a vida, e há ainda lugar para mais uma ilusão.

Jason de Lima e Silva