sábado, 2 de março de 2019

F. de Goya y Lucientes, Contra o bem geral, Desastres da guerra, c.1810

Moro, ondes moras?
Em um castelo sem muros?
Quem te pôs aí de herói desta republiqueta?
Mandas prender, mandas soltar?
Podes falar, mas não queres ouvir?
Basta delatar, condena

Dá pena
Não de ti, mas do fiel que te endeusa
É muita cena pra pouco patrão
Muito holofote para uma besta

Mas moroso não és
Tens pressa de fama e reputação
A primeira escorrega e a segunda te enterra
Não demora, espera

Juiz de arbítrios
virou ministro
E quanta laranja nesse quintal!
Mas o tagarela de carreira se cala
Sinistro, nada mal

Assim tiraste um presidente da eleição
E se copiam tua sentença
É para que o povo do cara esqueça
Quanta ilusão!

Moras na penumbra
O que vem, volta
Se te mexes, apavoras
Nem levanta, senta
A poltrona é pequena
Pra tanta pretensão

O tempo passa, a face afunda,
O povo se mata, o mito gasta,
E não acabas com a corrupção


Jason de Lima e Silva