terça-feira, 1 de setembro de 2020


Como ardem essas conchas no caminho 

Os pés desviam

É inevitável pisá-las

Estralam ao longo da areia

Até o precipício da margem

No alto onde guardam os sussurros das ondas

Das ondas que cavam uma parte da praia


É fácil cair e ser engolido


Quem sabe fosse melhor


E como objeto derretido do sol

Ser arrastado para as pedras

Protegido pelas algas

Sem pulso, sem coração, sem nome


Jason de Lima e Silva 

Imagem: Caspar D. Friedrich, O monge à beira-mar, c.1810