Foto: Leandro Couri |
ao Mestre Moa do Katendê
Acontece de o céu girar e se erguer
como chapa metálica
As mãos suam
E é possível sentir o coração bater na
garganta
Ainda reverbera no tímpano o riso das
doces criaturas
Quem são elas? O que foram a vida
inteira?
Como arrancaram suas almas pelos calcanhares
E deixaram ocos os seus corpos de
fantoches?
Não há como acordar uma massa de gente
Apressada no meio dos ruídos e
distúrbios
Todos querem algo a mais
“Que seja a guerra”
Assim dizem
“A cidade já virou ruína
E nós já estamos mortos”
Por isso toda a carnificina não lhes
basta
De humanos ou animais
Mas o grito ainda é humano
Quem poderia socorrê-lo?
O traquejo, o canto, a rasteira
A graça, o praça e chega o tal
Parou a ginga da roda
Escorre o sangue entre as frestas
São de pedras as lápides
E de silêncio o berimbau
Jason
de Lima e Silva
Nenhum comentário:
Postar um comentário