domingo, 8 de fevereiro de 2015

A dor do regresso e o olhar de Calipso

“Eu que acolhi-o carinhosamente, alimentei-o e afirmava que o havia de tornar imortal e que durante todos os seus dias seria preservado da velhice. Mas, visto não ser possível a nenhum dos deuses infringir sem efeito a vontade de Zeus, portador da égide, que se vá, por sobre o mar estéril...”.
“... e a veneranda ninfa foi ter com o magnânimo Ulisses. Encontrou-o assentado na praia. Nos seus olhos nunca se extinguia o pranto; ia-lhe decorrendo a vida a suspirar pelo regresso, pois a ninfa já não lhe era grata. As noites era obrigado a passá-las, mau grado seu, na côncava gruta, junto dela, que assim o desejava; e de dia permanecia assentado pelos rochedos da praia, a consumir o peito com lágrimas, suspiros e aflições. Ali chorava contemplando o mar estéril”

Homero, Odisseia, rapsódia V (Lisboa: Livraria Sá da Costa Editora, 1980).



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